Homilia de D. Nuno Almeida na Eucaristia do 74º aniversário da aprovação das SFRJS | Diocese Bragança-Miranda
Homilia de D. Nuno Almeida
Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria 2024
Macedo de Cavaleiros, 15.08.2024, 11.00h
Saudação Inicial
Celebramos a meio de agosto, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é a primeira criatura associada à glória da ressurreição do Seu Filho. Ela é a nossa campeã do ouro mais fino. Ela é a Estrela de mais brilho nos céus. Ela corre ao nosso encontro para nos fazer caminhar com os pés em terra e os olhos postos no céu, meta do nosso caminho para o Pai.
Saúdo o Sr. D. António Montes, os sacerdotes e diáconos, as autoridades religiosas e civis que aqui se encontram, os consagrados e as consagradas, de maneira especial as Religiosas da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado. Hoje passam 74 anos em que a Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras foi aprovada como Congregação de Direito Diocesano; há 76 anos Alzira da Conceição Sobrinho fazia a sua primeira profissão neste Instituto, adotando o nome de Irmã Maria de São João Evangelista.
Alegramo-nos, hoje, com a Profissão Perpétua: Ir. Agripina Malemba Michael e da Ir. Stellamaris Mwende Kiema e com as Bodas de Ouro de Profissão Religiosa da Ir. Emília da Silva Pereira e da Ir. Maria Eduarda da Silva e as Bodas de Prata de Profissão Religiosa da Ir. Maria Florbela do Couto Vieira. Que sejais consagradas felizes e fiéis como Maria!
Homilia
«Maria pôs-Se a caminho e dirigiu-Se apressadamente» (Lc 1,39).
1.O Evangelho, deste dia solene da Assunção, apresenta-nos Nossa Senhora Peregrina. Levantou-se e põe-se apressadamente a caminho para ajudar a sua prima Isabel.
Neste dia em que com toda a Igreja contemplamos a Assunção, ou a Ressurreição de Maria, é importantíssimo nunca nos esquecermos de olhar para o caminho que até lá conduz. É certo que Maria aparece vitoriosa na narração do livro do Apocalipse, mas é certo também ter enfrentado o dragão, símbolo do mal destruidor.
É também verdade que a segunda leitura nos apresenta Maria como a primeira beneficiária da força da Ressurreição de Jesus, mas não esqueçamos que Ela é a Senhora das Dores de pé junto à Cruz de seu Filho.
É grande a bem-aventurança que a sua prima Isabel lhe proclama, como abismal é a profundidade, o alcance e a beleza do cântico do Magnificat – classificado pelo Papa Paulo VI como o “cântico mais revolucionário do Evangelho”!
É preciso que sempre recordemos: Maria, a Mãe de Jesus, pelos duros trilhos da serra, percorreu o caminho da fé na luta e na dor, na adesão e no risco. Desafiou o mundo com a sua humildade. Viveu com o Filho. Sofreu com Ele. Deixou-se crucificar, com Ele, na Cruz das suas Dores. Por isso, terminado o percurso da sua vida terrestre, Maria ressuscita com o Filho.
Na Assunção, Maria torna-se a estrela que a Igreja contempla na sua glória, como quem vislumbra o futuro.
2.Em Maria, o Espírito de Deus encontrou disponibilidade total e confiança ilimitada. Maria arrisca um caminho novo, desconhecido, desprotegido.
Maria não vai nem pelo caminho mais seguro nem pelo caminho mais fácil. Maria vai pelo caminho mais fiel, discernindo em cada momento a vontade de deus.
Contemplando Maria, Senhora da Assunção, temos consciência de que somos um povo peregrino do céu, mas com os pés bem assentes na terra!
Cada um de nós, como peregrino do Céu e imitando Maria, olha para o alto e para o lado. Levanta o olhar para Deus-Amor e presta toda a atenção ao irmão e irmã de quem procura sempre fazer-se próximo.
Olhamos para o alto e oferecemos com amor e respeito as nossas mãos partilhar, cuidar, ajudar, amar e abençoar!
3.Caríssimas Irmãs Agripina, Stellamaris, Emília, Maria Eduarda e Florbela! A vocação é um dom que recebemos do Senhor, que fixou seu olhar sobre vós e vos amou, chamando-vos a segui-lo mediante a vida consagrada. A vida de consagração religiosa deve ter a marca do amor e da entrega sem reservas, imitando o Sim Maior de Maria. Ser religiosa de verdade é carregar em si a marca do acolhimento, da alegria e da coragem de dar a vida em nome do Evangelho.
Na Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate” (Alegrai-vos e exultai) – sobre o chamamento à santidade no mundo atual, publicada em 2018, o Papa Francisco sublinha a “santidade comunitária”: “A santificação é um caminho comunitário (…) Viver e trabalhar com os outros é, sem dúvida, um caminho de crescimento espiritual”. Viver em comunidade é um grande sinal profético para o nosso tempo tão marcado pelo individualismo.
Que a Senhora da Assunção, com o seu olhar de mãe, vos faça crescer, em cada dia, na santidade comunitária. Imitai Maria e dizei o vosso SIM a Deus Pai e aos irmãos! Imitemos todos nós Maria e digamos o nosso SIM a Deus Pai e aos irmãos, descentrando-nos de nós mesmos, para que não sejamos “pessoas carrossel” a girar sempre à volta do nosso eu.
Damos graças a Deus pela multidão de consagrados e consagradas, de filhos e filhas primogénitos, entregues ao Senhor, apresentados diante de Deus para serviço dos irmãos. Com é importante o testemunho do consagrado e da consagrada que têm a vida centrada em Deus e no amor aos irmãos! Hoje, especialmente pelas religiosas da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.
Neste meio de agosto, Maria seja, no meio de tantas lutas, a aurora e a imagem da Igreja triunfante, do amor sempre vencedor; seja Ela, na viagem da nossa vida, nossa Senhora da guia; seja Ela, e só Ela, a Estrela de mais brilho, assim na Terra como nos Céus!
Maria, Senhora a Assunção:
Tu resplandeces sempre no nosso caminho
como sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Ti, nestes tempos de ansiedade,
Tu que junto da Cruz foste associada à dor de Jesus,
mantendo firme a tua fé.
Tu, Salvação do Povo de Deus,
sabes bem do que mais precisamos
e estamos seguros de que proverás
para que, tal como em Caná da Galileia,
possa voltar a alegria e a festa do encontro
depois deste momento de provação.
Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor,
a conformar-nos com a vontade do Pai
e a fazer aquilo que Jesus nos disser,
Ele que tomou sobre Si os nossos sofrimentos
e carregou as nossas dores,
para nos conduzir, por meio da Cruz,
à glória da Ressurreição. Ámen.
+Nuno Almeida
Bispo de Bragança-Miranda
Fotografia: IR/SDCS