Discurso de Abertura das Jornadas Pastorais 2025 | Diocese Bragança-Miranda
ABERTURA JORNADAS PASTORAIS 2025
“A chave sinodal”
Com alegria a todos dou as boas-vindas às Jornadas Pastorais 2025!
Muito obrigado pela presença e participação de todos e cada um de vós. Somos como uma pedrinha de um mosaico, se faltássemos ninguém nos poderia substituir!
Agradeço ao Pe. Paulo Terroso, ao Pe. Tiago Freitas e ao Pe. Sérgio Leal a sua generosa disponibilidade para guiarem estes dois dias.
Obrigado ao Pe. Bento e à Comissão para a Sinodalidade a organização dos trabalhos.
Um obrigado às Irmãs Reparadoras por nos acolherem sempre com tanto amor.
Mais do que nunca estamos sempre unidos ao Papa Francisco …! Rezamos pela sua saúde. Acolhemos com gratidão o “Documento Final do Sínodo” para o conhecermos bem e pormos diligentemente em prática.
Recordemos que estamos em movimento desde 2021, quando o Papa Francisco convocou toda a Igreja para o Sínodo “Por uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Temos experimentado a alegria do encontro sincero e respeitoso entre irmãos e irmãs na fé, pois encontrar-se com os outros é encontrar-se com o Senhor que está no meio de nós. Neste contexto emerge, decididamente, a “chave sinodal” para fundamentar, modelar, reforçar e avaliar a vida da Igreja e de cada uma das suas comunidades, assim como para ser sinal de participação humilde, livre e corresponsável na sociedade.
A sinodalidade pode ser entendida como o caminhar dos cristãos com Cristo, em direção ao Reino, juntamente com toda a humanidade.
A sinodalidade orientada para a missão, engloba os momentos de reunir-se em assembleia (como este!) nos diferentes níveis da vida eclesial, a escuta recíproca, o diálogo, o discernimento comunitário, a criação de consensos como expressão de tornar presente Cristo vivo no Espírito e a assunção de decisões numa corresponsabilidade diferenciada.
Para cumprir o objetivo de “caminhar juntos”, a sinodalidade desafia-nos, com urgência, a entrarmos num processo de revisão da forma de estar e atuar nas comunidades cristãs, o qual supõe uma verdadeira conversão do próprio estilo de vida à luz do Evangelho.
A prática sinodal faz parte da resposta profética da Igreja perante o individualismo que se volta sobre si mesmo, de um populismo que divide e de uma globalização que homogeneíza e aplana. A sinodalidade não resolve todas estas e tantas outras complexas questões, mas fornece um modo alternativo de ser e de agir, cheio de alegria e de esperança, que integra uma pluralidade de perspetivas.
Há que sublinhar, desde já e para evitar frustração e paralisia, que a sinodalidade não é uma meta a curto prazo ou uma solução mágica e instantânea para todos os problemas. A nossa atitude, a partir da fé, não será nem a de um otimismo ingénuo, nem de um pessimismo estéril, mas a de um dinamismo realista e entusiasta.
O verdadeiro valor de uma Igreja toda ela sinodal consiste em pôr-se a caminho para e com Cristo. Uma Igreja num dinamismo de renovação que se deixa iluminar pela luz da Palavra, alimentar pela Eucaristia e guiar pelo amor. Igreja que colabora com as mulheres e homens que trabalham por um mundo mais habitável, mais justo e mais humano.
Temos como Projeto Pastoral para o triénio 2023-26: caminhar juntos para sermos Igreja sinodal de todos e para todos. Peregrinar unidos para anunciar, celebrar e testemunhar a alegria e a esperança do Evangelho.
Neste esforço permanente para sentir, pensar e viver com um só coração e uma só alma, a comunidade dos discípulos missionários de Jesus, que somos chamados a ser, está convocada, nestas Jornadas, para percorrer um caminho de atenção e diálogo, de anúncio e discernimento em que todos participem com alegria. No horizonte, estão sempre as pessoas e famílias que vivem, na nossa Diocese a quem queremos servir.
“Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos. Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus (cf. Gl 3, 26-28); significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência.
Nesta Quaresma, Deus pede-nos que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades. Perguntemo-nos diante do Senhor se somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem. Este é o segundo apelo: a conversão à sinodalidade.” (Mensagem do Papa Francisco, Quaresma 2025).
Faço votos de que nestas jornadas cada um de nós faça verdadeiramente uma declaração de amor para com a nossa Diocese de Bragança-Miranda.
O meu maior desejo para estas Jornadas é o de que saiamos daqui verdadeiramente apaixonados pela nossa Igreja Diocesana de Bragança-Miranda.
Todos nós respeitamos a história e a vida atual da nossa Diocese, mas não basta é preciso avivar e aprimorar o amor por ela.
Que nestes dois dias cresça o encanto pelo nossa Diocese, pois não basta fazermos o nosso trabalho.
Que tomemos a decisão de dar a vida pela nossa diocese, empenhando-nos na qualificação fraterna da vida comum, vencendo sempre a indiferença.
Que façamos uma pacto comunitário, conscientes de que fazemos parte uns dos outros. Procuremos cuidar com carinho e inteligência da nossa Diocese no seu todo e em cada uma das suas comunidades.
Como é bom a possibilidade de ser em comum e termos nas mãos a apaixonante tarefa, sempre inacabada, de plasmar uma comunidade de comunidades aberta e justa, de mulheres e homens livres, onde todos são necessários e insubstituíveis, onde todos se sentem – e efetivamente são – corresponsáveis.
Peregrinemos juntos na esperança!
+Nuno Almeida
Bispo de Bragança-Miranda